Por Joper Padrão do Espirito Santo –
Quando se fala em Companheirismo, há uma tendência natural de resumirmos a compreensão à amizade ou às relações entre os companheiros de um determinado ou de alguns Rotary Clubs.
Além disso, parece-me importante realçar três aspectos fundamentais que, numa organização mundial como o Rotary, dão vida ao Companheirismo como alicerce de nosso trabalho humanitário. Refiro-me a (1) Tolerância, (2) Respeito e (3) Confiança como ingredientes essenciais. Vejamos, em rápidas palavras, qual o sentido dessas três atitudes para o sucesso do Companheirismo em Rotary.
Tolerância – cada Rotary Club é composto por profissionais e empresários, homens e mulheres, de diversos segmentos de atividade, dos mais variados credos, de correntes políticas às vezes divergentes e até mesmo antagônicas, com idades variadas e tudo o mais que diga respeito à individualidade de cada Companheiro. O que temos em comum? O desejo de promover projetos humanitários que contribuam para a paz e a compreensão entre os povos. O que nos distingue para sermos convidados a ingressar em Rotary? O único patrimônio exigido de cada um e de todo o Rotariano – a ilibada reputação em seu meio
social.
Somos, portanto, como um caleidoscópio, em que a cada giro (entrada ou saída de associados) forma um novo e belo desenho. Ora, para que tenhamos espaço para ver realizados nossos planos em termos humanitários, precisamos ter absoluta tolerância com cada Companheiro em nosso próprio Clube. Valorizando o que nós é comum, e respeitando o que nós é diferente, teremos Rotary Clubs harmônicos, coesos, com contingentes crescentes de rotarianos.
O Embaixador Rouanet, como orador do Fórum promovido pelo Rotary Club Rio de Janeiro – Botafogo, sob o tema “Cultura para a Paz”, afirmou: “São as pequenas diferenças que geram os grandes conflitos”.
Se praticarmos a Tolerância com nossos Companheiros, aceitando-os como se apresentam, teremos bons resultados.
Afinal, como citado pelo Presidente Glenn Estess em sua Mensagem publicada no último número (990) da Revista Brasil Rotário (pág. 9), “Paul Harris disse: O Companheirismo é a pedra fundamental sobre a qual o Rotary foi criado, e a tolerância é o elemento que o mantém unido”.
Respeito – A atitude do respeito é o segundo pilar para a estruturação do autêntico Companheirismo Rotário.
Todo o cidadão – homem ou mulher, de qualquer parte do Mundo, associado a um dos 32.098 Rotary Clubs espalhados por 166 países em todos os Continentes, que portar em sua vestimenta a insígnia de nossa organização, deve merecer o respeito espontâneo por parte do Companheiro com quem se encontrar, aonde quer que seja.
Pouco importa a região de onde proceda, sua religião ou idioma falado. Há de prevalecer a linguagem comum às pessoas do bem.
O respeito, nesse caso, decorre do que possamos chamar de “efeito espelho”. Eu o respeito, porque você e eu somos semelhantes, por mais diferentes que sejam nossas características culturais. Somos voluntários; dedicamos nosso tempo, energia e talento em prol de projetos humanitários; somos desprovidos do interesse individual acima do coletivo ou daquele dedicado aos menos favorecidos; embora profissionais e empresários ocupados, encontramos meios para que nossas agendas comportem a busca de esforços em favor da paz e da compreensão entre os povos.
“Efeito espelho” porque vejo em meu companheiro, sem importar se já o conhecia anteriormente ou se dele sabia as referências pessoais. “Efeito espelho” pelo qual eu o respeito, porque sei que você, seja quem for em sua localidade de origem, merece o meu respeito por ser ROTARIANO. Eu o respeito, porque você mereceu o respeito de outros Companheiros que o convidaram para ingressar em Rotary – no seu Rotary Club.
Em suma: eu o respeito, porque sei que por você, e por todos os meus Companheiros, eu também serei respeitado.
Confiança – Creio que a característica de maior destaque em um profissional ou empresário, líder em seu segmento de trabalho, para ser identificado como um provável rotariano, seja o seu caráter ilibado, sua boa e reconhecida reputação em seu meio social.
Significa dizer tratar-se de uma pessoa “confiável”, sobre quem possamos depositar nossa confiança, a ponto de poder vir a propor seu nome para ser convidada a associar-se ao nosso Rotary Club.
Confiança é sinônimo de segurança e bom conceito que inspiram as pessoas de boa probidade, talento, discrição, etc, segundo definição de Aurélio Buarque de Holanda.
A sociedade globalizada passa, hoje, por uma séria crise no tocante à confiança. Por exemplo, a atitude de grandes potências adotando argumentos infundados ou sem comprovação efetiva para dar sustentação à invasão de nações soberanas, gera toda uma onde de desconfiança, que se transmite para outros campos, além daquele delimitado pelo teatro da guerra, levando à insegurança e à falta de esperança.
Daí, em nossa organização, o Companheirismo deve se sustentar sobre o forte alicerce da confiança mútua. É claro que cada um de nós desconhece o que fazem ou como agem todos os rotarianos do Mundo. Contudo, é nosso dever manter um padrão de conduta pessoal capaz de transmitir ao próximo a confiança necessária para que a cadeia se instale e os fortes elos dessa corrente sejam capazes de contagiar toda a comunidade.
* GD 2001-02 do Distrito 4570, membro do Rotary Club Rio de Janeiro – Tijuca
(Fonte: Rotary E-Club Distrito 4500)
![]()