Por K. R. Ravindran, 1/9/2020 –
No final de 1914, a Europa estava dividida por centenas de quilômetros de trincheiras. De um lado, lutavam as forças britânicas e francesas, e do outro, a uma curta distância, as tropas alemãs. O papa até fez um apelo para que houvesse uma trégua natalina, mas não adiantou: o tiroteio entre as duas partes do conflito continuou.
Então chegou a véspera de Natal e os soldados britânicos ouviram, surpresos, um canto – e não os disparos e explosões habituais. Sua perplexidade aumentou quando uma voz disse: “Feliz Natal, ingleses! Venham aqui celebrar com a gente!”.
Os combatentes de ambos os lados foram aos poucos se levantando e passaram a se olhar em meio àquela terra de ninguém que separava uma trincheira da outra. Não demorou para que os soldados percebessem: havia ocorrido um cessar-fogo, e por isso confraternizavam, entoando canções de Natal, trocando lembranças, bebendo uísque e até mesmo jogando uma amistosa partida de futebol.
A trégua durou apenas dois dias. Depois disso, as tropas voltaram às trincheiras para retomar o combate que causaria um grande derramamento de sangue por quase quatro longos anos. Essa bela história da trégua natalina na Primeira Guerra Mundial nos lembra que a paz é possível quando a escolhemos. Se a paz pode durar alguns dias, não poderia também perdurar por meses ou anos? E, antes de tudo, não deveríamos sempre pensar em como evitar a ocorrência de conflitos?
Em seu discurso de aceitação do Prêmio Nobel da Paz de 1964, Martin Luther King Jr., ativista e líder do movimento dos direitos civis nos Estados Unidos, disse: “Devemos nos concentrar não somente no expurgo da negatividade trazida pela guerra, mas também na afirmação do positivismo trazido pela paz”.
Com a paz positiva, as estruturas de nossa sociedade, suas políticas e ações cotidianas são capazes de promover a justiça em todos os níveis, sustentando uma coexistência pacífica entre todos. Isso é uma resposta aos apelos de justiça e paz que ouvimos nas ruas durante os protestos ocorridos este ano de Minneapolis, nos Estados Unidos, a Paris, na França. […]
Nosso papel como líderes da sociedade civil dedicados à paz positiva continuará crescendo. Esse crescimento não virá somente por meio de mais parcerias e subsídios, mas também por intermédio dos nossos corações, mentes e mãos à medida que oferecemos nossos talentos para fazer do mundo um lugar melhor.
- Chair 2020-21 do Conselho de Curadores da Fundação Rotária.
(Fonte: Revista Rotary Brasil)
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